Além dos possíveis danos à saúde bucal, a perda de um dente anterior pode causar muito constrangimento, a ponto, inclusive, de abalar a autoestima. Nestes casos, a reposição por meio do implante dentário é a solução mais indicada, para restabelecer um sorriso harmonioso e resguardar a qualidade de vida.
Quanto à estética, o melhor resultado ocorre quando a prótese fica praticamente idêntica a um dente natural e a mucosa se assemelha muito à gengiva. Isso porque, dessa forma, fica a impressão de que não houve perda, tudo está onde deveria estar!
Diante da relevância do tema “áreas estéticas” na Implantodontia, conversamos com o Dr. Fernando Hayashi, mestre e doutor em Periodontia, consultor científico da S.I.N. Implant System e autor do livro Implantes em Áreas Estéticas (Editora Napoleão, 2011).
Quais os principais pontos a serem observados?
O que mais influencia o resultado na área estética, entendida como tudo o que aparece no sorriso, é o bom posicionamento do implante. Por sua vez, a instalação do implante no lugar certo depende de um volume adequado de tecido ósseo e de um tecido mole com aparência e contornos similares aos da gengiva.
Preenchidas essas duas exigências, são maiores as chances de se conseguir um bom perfil de emergência de prótese, que além de permitir melhor manutenção da saúde, ajuda a criar a ilusão de que um dente natural emerge da gengiva (em vez de uma prótese saindo do peri-implante).
“O perfil de emergência é como a última pincelada de uma obra de arte, aquela que dá o toque final para produzir o efeito esperado”, compara Hayashi.
Estratégias de ação
Tudo começa com uma atenta avaliação do caso e um planejamento criterioso visando ultrapassar alguns desafios. Por exemplo, quando o paciente está sob risco de perda dentária, o maior desafio é prevenir a perda de até 50% no volume original de osso que ocorre no primeiro ano após o processo, causa comum de defeitos no local.
Nos casos em que já houve extração dentária, é comum ter que reconstruir o osso ou a mucosa. E se o paciente já possuir um implante instalado com problemas estéticos, como o posicionamento incorreto, o implante deverá ser removido e o tratamento recomeçar do zero.
Ah, vale destacar que os sinais de problemas decorrentes de posicionamento inadequado do implante em tratamento anterior podem ser prótese muito longa ou curta demais ou, ainda, um sombreamento (a mucosa fica escura e acinzentada).
Quanto ao tecido mole, é mais fácil obter um bom resultado quando se perde um dente isolado do que na falta de dois adjacentes. Nessa última circunstância, perde-se também a papila, o tecido no formato de um pequeno triângulo que preenche o espaço entre os dentes, formado pelo osso e a gengiva em função da anatomia local.
Veja, na ausência da papila, algumas vezes será preciso mascarar o defeito utilizando gengiva artificial à base de resina ou cerâmica, o que requer ainda mais conhecimento técnico.
Regras essenciais
Obtidas as condições necessárias para instalar o implante, o foco deve ser garantir o seu bom posicionamento e isso depende de seguir algumas regras nos três planos de referência: vestibulolingual, ápico-coronal e mesiodistal.
Os parâmetros recomendados determinam as distâncias a serem mantidas para se atingir resultados estáveis ao longo do tempo e facilitar o controle da placa. Portanto, tais medidas beneficiam a arquitetura local e contribuem para a adequação da saúde bucal.
Para conhecer essas regras em detalhes, assista ao curso do Dr. Fernando Hayashi sobre Implantes em áreas estéticas, disponível no Implantat, hábitat educacional da S.I.N. Implant System.
Aliados importantes
Exames de imagens disponíveis hoje, como a tomografia dentária, auxiliam no bom posicionamento do implante ao permitirem avaliar a área com precisão para realizar a perfuração na direção e profundidade certas.
Outro aliado valioso é a cirurgia guiada, bastante útil em quadros mais delicados, quando existem dificuldades adicionais para posicionar o implante. Ainda assim, o dentista precisa estudar atentamente os laudos e programar a colocação do implante conforme as regras preconizadas.
Dica esperta: sempre que possível, uma boa estratégia é fazer antes da cirurgia o teste do guia para antever se o resultado ficará perfeito como planejado.
O melhor timing
Os implantes podem ser instalados imediatamente após a exodontia, tratando-se, portanto, de implante imediato. Ou colocados tardiamente, depois do período de reparação óssea que se segue à remoção cirúrgica do dente.
Em ambos os casos, pode-se tentar a carga imediata, isto é, instalação de uma prótese fixa no mesmo dia da colocação do implante, antes de ocorrer a osseointegração.
Dentre os requisitos para realizar a carga imediata, o principal é o implante ficar firme o suficiente. Outros fatores importantes são a ausência de hábitos parafuncionais e a ausência de necessidade de reconstrução tecidual vertical.
E olha que interessante: existem indícios de que um bom resultado de estética de tecido mole está associado ao uso da prótese provisória, pois ela colabora para modelar a mucosa, o que favorece um melhor perfil de emergência.
Seja como for, o especialista em Implantodontia deve saber avaliar caso a caso e apontar o momento mais propício para realizar os procedimentos.
Um pouco de história
Os pesquisadores começaram a trabalhar para obter resultados mais previsíveis em áreas estéticas mais recentemente. No passado, o maior objetivo dos implantes era repor a função perdida, ou seja, havia uma menor preocupação com a estética.
A evolução nesta área se deve às novas tecnologias de implantes e biomateriais, ao aprimoramento dos exames de imagem, ao melhor conhecimento sobre a perda tecidual e ao desenvolvimento de técnicas cada vez mais previsíveis de prevenção de defeitos ou reconstrução tecidual quando estes já estão presentes.
Com todos esses avanços, hoje é possível fazer reabilitação oral mesmo diante de quadros mais delicados e com alta taxa de sucesso! Incrível, não é mesmo?
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